O amante solitário da feminilidade bruta não pode amar a deusa pop da verdade lírica (que inventei um dia e depois vou apresentar em um blog a parte), que age com uma intenção erótico-poética, ele ama as mulheres que agem instintivamente, sem qualquer intenção, e que na sua ação-errância, sempre o acertam como alvo.
O amante solitário ama a feminilidade bruta que a deusa pop oculta sob sua verdade lírica. Um seduz com a verdade, outro, com a solidão que o habita. Para que eles se encontrassem, seria necessário despirem-se totalmente de sua verdade e solidão.
Eu sou o amante solitário da feminilidade bruta
Que nasce de uma mulher e se masculiniza
Aos poucos, entre trapos, bordados e fitas de cetim
Aprende a amar amando o que naturalmente o desfigura
Um cavaleiro pós-moderno, estranho entre todos
Que se despe circunstancialmente das suas marcas
Faz-se singular na pluralidade das vozes
Diferente entre todos, mais um entre muitos
Sem amigos, persegue seu desejo
Perscruta o que sussurra
Ai, as mulheres,
seus cheiros, umidades
por labirintos e labirintos de sons
inescrutáveis
quarta-feira, 6 de abril de 2011
medo - da série encontros quase tristes
ai que medo que eu tenho
dos gritos de raiva que ecoam pela rua
e adentram sem aviso pela janela da minha casa
que medo que eu tenho
das lufadas de vento
que sopram no meu peito
quando você surge na minha frente
toda raiva e vento das ruas do mundo
remetem-me ao campo devastado da minha memória sempre presente
o que haverá em você além da minha paixão
por vencer a resistência a este amor que ofereço de mãos abertas?
a leveza da sua pele
a sensualidade na sua alma
tudo isso será apenas meu amor dançando entre seus passos errantes
ou haverá entre nós
ainda
espaço para ver perceber sentir
apesar do que imobiliza?
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