domingo, 4 de dezembro de 2011

por que sou nietzscheana mesmo sem querer

afinal, não sou guerreira nem nobre por natureza, senão conciliadora por determinação, e humana, demasiadamente humana, presa das tramas inenarráveis do bem e do mal, por mera condição.

apesar disso:

- afirmo a vida em todas as suas manifestações: na paixão e na alegria - é fácil! - na dor e no sofrimento

- digo sim a mim, sem me preocupar em negar o que e quem quer que esteja a meu redor

- não concebo um único pensamento que não passe pelo meu corpo, meu coração, meu sangue,  minha intuição, minha experiência

domingo, 13 de novembro de 2011

A beleza da vida...

está no que há nela de irredutível a um movimento único, a uma razão absoluta, está no fluxo incessante de infinitos movimentos que divergem e convergem, na latência dos sentidos, na precipitação das formas, na emergência simultânea da morte e da vitalidade, da tristeza e da alegria, do sofrimento e do prazer, de razões e desrazões, afetos e pulsões, do que é e não é, do que poderia ter sido, mas jamais será como projetamos, pois escapa sempre ao que somos, sabemos, até imaginamos.  

quarta-feira, 26 de outubro de 2011

autoconhecimento

foi a forma que consegui para ganhar autoconfiança: me desconhecendo completamente do que sou a cada vez.

sábado, 15 de outubro de 2011

Ética

Quando o ódio cresce demais e cega: não troco insultos para não deslocá-lo.

Porque o ódio é importante demais, destrutivo demais para ser banalizado.

O ódio mata. E não morre.

Então eu o tomo em bruto e me recolho, me decomponho, desconstruo, até virar pó e poder afirmá-lo enquanto já não é.

Para, no olhar do outro que me espera, refazer-me inteiramente.

quinta-feira, 21 de julho de 2011

A dor constitui

Vira-te do avesso: verás como és ainda mais belo do que pretendes ao esconder do mundo tuas cicatrizes. Espalha pelo teu corpo as feridas que meteste na alma, torna tua pele ainda mais sensível a todo toque: verás como resistes a tudo com mais coragem.

quarta-feira, 20 de julho de 2011

A poesia é uma verdade de amor

Quando sucumbo diante da beleza das palavras: o que é isso?

Respirar a poesia por dentro, para não falar dela como de algo apreensível
Abraçá-la como a um animal amado, um cavalo com o qual se cavalga por tardes e tardes de verão, por exemplo
Sentir-lhe a respiração
Sua matéria vibrando
Desfazê-la sob a pele
Transpirá-la
Confundir com ela seus órgãos, corpo, pele, ritmo
Só então se pode falar do que é a poesia
Falar talvez sem palavras
Com o mínimo de palavras possível
Não falar, falando

A poesia não é assunto de entendidos, literatos, intelectuais
Não se deve despi-la: ela não resiste ao olhar da ciência
É necessário contemplá-la toda, em sua estrutura de versos e sentidos

A poesia tem que sair dos círculos fechados, ganhar as ruas e praças
Atirá-la aos braços e aos pés dos que passam
Oferecendo-a como se oferece flores, abraços, carinho
Alguns poderão sorrir
Alguns poderão recolhê-la, afagá-la, levá-la consigo, guardá-la como amuleto
Alguns haverão de pisá-la, desprezá-la, ignorá-la?
Alguns mais distraídos serão tomados, invadidos de súbito
E poderão acordar com a poesia batendo dentro do seu peito

Despejar a poesia a baldes pelos caminhos e perguntar:
O que aconteceu?
O que você sente?
O que ela invoca?
Ela é a musa?
A mãe?
A mulher
A amada
O amado
O perdido

Esta será a verdade sobre a poesia: a verdade dita a ela como se esconde ou revela a verdade de amor
Porque a poesia é uma verdade de amor
Encerra um sentido que dorme em cada um de nós
Invoca a paixão
Lateja como o desejo
Pulsa
Como a própria vida