quarta-feira, 20 de julho de 2011

A poesia é uma verdade de amor

Quando sucumbo diante da beleza das palavras: o que é isso?

Respirar a poesia por dentro, para não falar dela como de algo apreensível
Abraçá-la como a um animal amado, um cavalo com o qual se cavalga por tardes e tardes de verão, por exemplo
Sentir-lhe a respiração
Sua matéria vibrando
Desfazê-la sob a pele
Transpirá-la
Confundir com ela seus órgãos, corpo, pele, ritmo
Só então se pode falar do que é a poesia
Falar talvez sem palavras
Com o mínimo de palavras possível
Não falar, falando

A poesia não é assunto de entendidos, literatos, intelectuais
Não se deve despi-la: ela não resiste ao olhar da ciência
É necessário contemplá-la toda, em sua estrutura de versos e sentidos

A poesia tem que sair dos círculos fechados, ganhar as ruas e praças
Atirá-la aos braços e aos pés dos que passam
Oferecendo-a como se oferece flores, abraços, carinho
Alguns poderão sorrir
Alguns poderão recolhê-la, afagá-la, levá-la consigo, guardá-la como amuleto
Alguns haverão de pisá-la, desprezá-la, ignorá-la?
Alguns mais distraídos serão tomados, invadidos de súbito
E poderão acordar com a poesia batendo dentro do seu peito

Despejar a poesia a baldes pelos caminhos e perguntar:
O que aconteceu?
O que você sente?
O que ela invoca?
Ela é a musa?
A mãe?
A mulher
A amada
O amado
O perdido

Esta será a verdade sobre a poesia: a verdade dita a ela como se esconde ou revela a verdade de amor
Porque a poesia é uma verdade de amor
Encerra um sentido que dorme em cada um de nós
Invoca a paixão
Lateja como o desejo
Pulsa
Como a própria vida

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