terça-feira, 19 de julho de 2011

caos e possibilidade

“Eu próprio tentei descobrir, desde o começo, ainda criança, o que é certo e o que é errado – uma vez que ninguém à minha volta podia me dizer. E além disso vejo agora que tudo me abandona, que preciso de alguém que me mostre o caminho e me dê censura e elogio, não pelo poder mas pela autoridade, preciso de meu pai. Eu achava que sabia, que tinha controle sobre mim mesmo, não (sei?) ainda” (Camus, O primeiro homem)

Não há como existir só. Somos o que somos porque não nos bastamos: no outro nos abrimos e tornamo-nos mais verdadeira e inteiramente incompletos.

O cerne da questão moral, ética, estética, existencial se expressa em um paradoxo: a ninguém darei jamais o direito de proferir minha própria loucura, a mim mesmo cabe pronunciá-la. Cada um sabe, guarda e proclama em si o sentido supremo de sua própria loucura e sanidade. Desse sentido se desdobra o diálogo, a conciliação. O que se põe antes é o caos e a possibilidade.

Um comentário:

  1. e tudo, absolutamente tudo o que somos, as possibilidades que em nós abrimos, se realiza no processo!

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